AMOR E ROUBO NA RUA DA PRAIA
de Nelson Ribeiro Weber
Capítulo 01:
Lucas andava pensativo pela rua da Praia, local onde adorava andar, principalmente à noite para poder observar a arquitetura da Capital do Rio Grande do Sul. Passou pelo antigo prédio da Livraria do Globo imaginando se pudesse ter conhecido Érico Veríssimo na época em que escrevera sua grande obra "O Tempo e o Vento", imaginava poder conversar e perguntar como havia construído toda aquela saga, mas contentava-se em ler as crônicas de seu filho Luis Fernando Veríssimo, no qual é formidável! Cruzou agora a esquina democrática, local de concentração das mais diversas manifestações políticas e culturais da cidade e do Estado, naquele horário tudo estava calmo. Seguiu sentido a Casa de Cultura, passou pelas Lojas Americanas e lamentou que estivesse fechada, adorava dar uma olhada na seção de livros e ver algumas promoções também.
Passando pela Praça da Alfândega lembrou de Mário Quintana, o querido poeta no qual conheceu, de vista, mas conheceu-o quando ainda era bem jovem. Passava naquela mesma praça e lá estava sentando em um dos bancos o querido poeta, com seu cigarro e o velho e grande Jornal Correio do Povo. Saudades, esse era o sentimento, mas lembrou: "...Eles passarão, eu passarinho...".
Continuou caminhando cruzou a Caldas Junior e olhou o antigo prédio do Correio do Povo, permaneceu na mesma calçada e seguiu sentido ao gasômetro e ao passar pela Casa de Cultura Mário Quintana, que naquele horário estava fechada, ouviu dois tiros e um vulto saindo pela rua de trás.........
Capítulo 2:
De acordo o site oficial da Casa de Cultura Mário Quintana, temos a seguinte informação:
"A história da Casa de Cultura Mario Quintana tem início em julho de 1980, com a compra do antigo prédio do Hotel Majestic, pelo Banrisul. Em 29 de dezembro de 1982, o governo do Estado adquiriu o Majestic do Banrisul e, um ano mais tarde, o prédio foi arrolado como patrimônio histórico, tendo início, a partir de então, sua transformação em Casa de Cultura. Por meio da Lei estadual nº 7.803 de 8 de julho de 1983, recebeu a denominação de Mario Quintana, passando a fazer parte da então Subsecretaria de Cultura do Estado.
Os espaços da Casa de Cultura Mario Quintana estão voltados para o cinema, a música, as artes visuais, a dança, o teatro, a literatura, a realização de oficinas e eventos ligados à cultura. Eles homenageiam grandes nomes da cultura do Estado do Rio Grande do Sul."
Uma Hotel transformado em Casa de Cultura que naquele horário estava fechado! Quem estaria lá? O que queria? Lucas não lembrava de alguma exposição importante naqueles dias, resolveu ir até o centro do hotel no térreo e percebeu que havia luz no prédio direito do hotel exatamente no segundo andar, justamente o local onde estava o antigo quarto de Mário Quintana e o Acervo de Elis Regina. Mas por qual motivo os tiros? A segurança havia disparado? ou havia acontecido algum assassinato? Lucas começou a suar frio e percebeu que sem querer estava no local de um crime, poderia ser arrombamento, roubo ou.....morte!
Via-se,agora, várias lanternas por dentro e entre os prédios da Casa de Cultura, e em seguida as sirenes dos carros de polícia. Lucas ficou estagnado na rua que corta da Andradas para Sete de Setembro. O que faria? O que diria?
Lucas saiu pela Sete de Setembro a passos largos rumo ao gasômetro, enquanto ouvia os carros de polícia se aproximando e ao chegar no gasômetro, quase sem fôlego, passou pela antiga chaminé e viu o mesmo vulto, com um cigarro na mão, passou reto e foi até o cais de embarque dos barcos de passeio. Seria a mesma pessoa ou estava assustado demais e imaginando coisas?
Capítulo 3:
Gabriela adorava morar no bairro floresta e á noite adorava jantar no Alfredo na esquina da Cristóvão Colombo com a Ramiro Barcelos. E naquela noite não foi diferente, pegou sua recente aquisição, o livro “Eu sou Malala” de Malala Yousafzai com Patricia McCormick, e foi jantar no Alfredo solicitando as divinas “porpetas” que o restaurante/bar oferecia. Era uma degustação enquanto aguardava seu namorado Lucas, que por sinal estava atrasado, mas sabia que devia estar caminhando pela Rua da Praia, endereço certo do namorado nas noites de verão de Porto Alegre e mais ainda nas de inverno.
Ambos já haviam explorado por muito tempo aquela rua que encantava Lucas e a ela também, ela gostava mais de tirar fotografias dos prédios históricos e Lucas gostava de saber a história que existia por trás de cada prédio e rua!
Lucas estava no ensino médio e já sabia o que iria cursar no ensino superior, sem dúvida alguma seria o curso de Licenciatura em História, pois além de gostar de saber da história das coisas que haviam por trás de prédios e ruas, gostava de estudar sobre personalidades da história nacional, principalmente, mas também de personalidades internacionais.
Gabriela solicitou uma Coca-Cola com gelo e mais uma “porpeta” pois estava ficando nervosa com o atraso de Lucas, além do mais hoje os dois iriam ficar sozinhos na casa dela, pois seus pais estavam em viagem, e ela adorava quando os dois ficavam sós, conversavam sobre vários assuntos até altas horas e depois amavam-se intensamente até o clarear do dia.
De repente começa uma conversa no Alfredo dizendo que havia ocorrido um roubo na Casa de Cultura Mário Quintana, e imagens já apareciam na RBS TV ao vivo. O dono do estabelecimento levantou o volume do televisor que anunciava: “Fazem 30 minutos que foi acionado o alarme da Casa de Cultura Mário Quintana onde ocorreu um roubo no segundo andar do antigo prédio do Hotel Majestic, a perícia foi acionada para identificar o que foi roubado, vários moradores saíram à rua pra ver o ocorrido devido a intensa movimentação de carros de polícia. Voltamos a qualquer momento.”
Gabriela estava nervosa, pois sabia que Lucas andava, naquela hora, pela Rua da Praia! O que estaria acontecendo?
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